Já sabia que em Angola vende-se tudo, literalmente, mas depois do que vi nunca me passaria pela cabeça que também se vende a água dos fontanários públicos... Agora já percebi por que é que não resolvem o problema da falta de água nas torneiras: para evitar o desemprego do José Bonga!!! A reportagem abaixo está um luxo:
O negócio da água, nos bairros Sapú, Golfe e Palanca, na periferia de Luanda, ganha corpo. Muitas famílias têm neste negócio a sua principal fonte de rendimentos. Vivem disso. O negócio remonta há anos, quando, na falta de água canalizada distribuída ao domicílio, o Governo Provincial de Luanda construiu vários fontanários em bairros periféricos da capital. Um desses fontanários foi instalado no bairro Calemba II, município do Kilamba Kiaxi. Hoje, o local é um autêntico mercado de água. As filas começam a formar-se logo pela manhã. Para muitos cidadãos, no encher e acarretar o maior número de baldes, banheiras e tambores de água está o lucro. O jovem José Bonga disse, à reportagem do Jornal de Angola, que está neste negócio há quatro anos. Conta que o seu ganha-pão começa com a recolha de bidões à porta do cliente, enche-os no fontanário da Calemba II e a seguir faz a entrega a cada um dos clientes.
Para o transporte dos inúmeros bidões, José Bonga tem um carro de mão “made in Palanca”. E que não se pense que o trabalho de José Bonga é feito de forma atabalhoada. O jovem diz que tem tudo organizado numa agenda, onde tem anotada uma lista enorme de clientes com endereço, o número e o tipo de bidões entregues para encher. “Assim, não há como um cliente receber bidões de outro”, disse com olhar astuto, indicando que muitos clientes assinalam os seus bidões com verniz para evitar eventuais trocas na hora de recebê-los cheios de água.
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