Empresário Eduardo Costa acusado pelo Tribunal de Gondomar
O empresário que tem gerido o jornal «O Primeiro de Janeiro» nos últimos vinte anos foi acusado, em Fevereiro, pelo Tribunal de Gondomar de fuga ao fisco. Eduardo Costa, juntamente com o administrador Pereira Reis, é acusado do crime de abuso de confiança, por retenção na fonte de importâncias de IRS e IVA, referentes aos anos de 2002 a 2008, durante a administração da empresa Sedico – Edições de Comunicação SA (antiga O Primeiro de Janeiro SA). Ao todo, não entregaram ao Estado mais de 2 milhões de euros.
O processo teve origem em 2006, quando a empresa mudou a sede para uma morada fictícia, em Gondomar. Mesmo assim, o Ministério Público do Tribunal de Gondomar demorou quatro anos a produzir acusação, deixando prescrever o crime de abuso de confiança para parte das importâncias de IRS e IVA referentes aos anos de 2002 a 2005, não encontrando prova documental para o ano de 2007. São mais de 167 mil euros que o Ministério Público considera perdidos para o Estado.
Apesar de a acusação recair sobre Eduardo Costa, o empresário de Oliveira de Azeméis não figurava na estrutura accionista da empresa, mesmo sendo reconhecido publicamente como o seu presidente. O administrador Pereira Reis, que se assumiu como “testa de ferro” de Eduardo Costa, fez diversas participações contra o seu conterrâneo na PGR, no DIAP do Porto e mesmo na secretaria do Tribunal de Comércio de Gaia, que declarou a insolvência da Sedico, ainda em 2008.
A Sedico, entretanto, tem os seus bens à venda, por propostas em carta fechada, num processo contestado pelos jornalistas despedidos ilegalmente há dois anos, que se constituíram credores da empresa. Em causa está o espólio fotográfico do jornal centenário e o arquivo das edições entre 1868 e 1990, encontrado na casa do pai de Eduardo Costa, em São Roque, Oliveira de Azeméis.
Os jornalistas contestam as avaliações do espólio fotográfico e do arquivo das edições do jornal, porque não sabem quem as fez, nem em que data. Também desconhecem quem são e o que fazem os quatro trabalhadores da Sedico, que estão no lote do activo a alienar pelo valor base de 223 mil euros.
Os jornalistas de «O Primeiro de Janeiro», ilegalmente despedidos no Verão de 2008, estranham todo este processo e pediram ao juiz do Tribunal de Comércio de Gaia que retirasse a presidência da Comissão de Credores a Eduardo Costa, estando ainda a aguardar por uma decisão. O empresário, enquanto responsável pela cooperativa Editorialcult, CRL (antiga Folha Cultural, CRL), apresentou-se como principal credor da Sedico; juntamente com a irmã, Lúcia Jesus Costa, reclamam da empresa que geriram, uma verba de cerca de 8 milhões de euros. Os créditos dos jornalistas e gráficos e outros trabalhadores ascendem a 840 mil euros.
Redacção muda para a Rua de Santa Catarina
Entretanto, «O Primeiro de Janeiro» já mudou novamente de empresa proprietária e transferiu a sede para o n.º 489, na Rua de Santa Catarina, Porto, para um edifício que alegadamente pertence a Eduardo Costa. O jornal é detido agora pela Globinóplia Unipessoal Lda (uma empresa de locação de propriedade intelectual e produtos similares, detida na totalidade pela Gadgetresult SGPS, SA) e é editado pela Cloverpress, Lda. (uma sociedade detida pela Folio Comunicação Global Lda. e pela Gadgetresult). Para trás fica a Caderno Digital, uma empresa de Ovar que foi comprada e gerida por Eduardo Costa, mas que ainda detém a propriedade do título, de acordo o registo de publicações da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
«O Primeiro de Janeiro» continua a ser produzido por quatro jornalistas com salários em atraso. Estes profissionais estão vinculados à Norte Press – Comunicação Social, Lda., Fólio – Comunicação Global, SA, e Sedico – Serviços de Comunicação, SA. Nenhum tem contrato com as novas empresas, Globinóplia e Cloverpress, tal como não tinham com a Caderno Digital. A Autoridade das Condições de Trabalho, por diversas vezes chamada a intervir, nunca conseguiu pôr cobro a esta situação.
Com a mudança das instalações para o edifício na Rua de Santa Catarina, teme-se que o espólio fotográfico do jornal, que ficou na Rua de Coelho Neto, e que está às ordens do Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia, esteja em risco de ser destruído ou degradado.
Jornalistas despedidos ilegalmente
do Jornal «O Primeiro de Janeiro»
13/04/2010
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