Pedro Rolo Duarte, in DN
O ex-colaborador da RTP Eduardo Cintra Torres (ECT), que assina alegremente textos nas páginas de media do Público, inventou um novo conceito de jornalismo: o "vale tudo". Para abreviar, o VT.
O VT distingue-se por misturar o que os "livros de estilo" recomendam que não se misture: opinião com informação. Exemplo: ECT critica a RTP pelos seus critérios editoriais. É uma opinião. Para sustentar a opinião, diz que a Direcção da estação recebe ordens do Governo. Trata-se de um facto. Como pode dar processo, ECT transforma--se em jornalista e defende-se com "fontes" que obviamente não denuncia. Está então a dar notícias...
Aplicado ao próprio Cintra Torres (mero exercício de estilo, claro), permitir-me-ia afirmar que, segundo as minhas fontes (eu, jornalista), foi o PSD a encomendar o texto ao crítico, prometendo-lhe que voltará a ganhar dinheiro na RTP quando o partido regressar ao poder. Agora, o "eu cronista" opina: é escandaloso que tal suceda e alguém no Pú-blico devia pôr ordem em ECT. Sem dificuldade, opinei, dei notícias, protegi a minha retaguarda e deixei uma pessoa na lama. É assim que se faz VT. Nunca se saberia se o que escrevi é verdade ou mentira.
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Vasco Graça Moura, in DN
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Eduardo Cintra Torres falou no acatamento pela RTP1 das instruções do Governo no tocante aos incêndios e na minimização das notícias correspondentes, quer em tempo de duração, quer no alinhamento dos serviços noticiosos. A RTP1 reagiu à insinuação, mui ciosa da sua independência jornalística. E assim, enquanto não se procede à comparação com os dados resultantes dos telejornais dos anos anteriores, também a propósito dos incêndios não há razão para sobressaltos.
A RTP1 decerto virá a proclamar com legítimo orgulho que não foi por obediência ao Governo que consagrou, na quinta-feira passada, os 16 primeiros minutos do Telejornal das 20.00 às dimensões transcendentais do caso Mantorras. De facto, nem o próprio Governo se lembraria disso, por muitas veleidades de interferência que tenha. E afinal esses 16 minutos não podem mudar o mundo. Só podem dar uma ideia daquilo que a RTP1 entende por serviço público de televisão.
30/08/2006
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1 comentário:
Gostei!
Vieste inspirada para a escrita!
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